Archive for "2014"

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Folha em Branco Mais Uma Vez

by on quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Todos nós nascemos folhas em branco, telas vazias prontas para serem pintadas. Então nossos pais, com todo o amor e todas as cicatrizes dos erros que cometeram, nos ensinam seus valores, sua religião, nos explicam como não ter as mesmas marcas que eles fizeram em si mesmos. E então com o tempo você, que antes era uma folha limpa, vai ganhando cor, forma, textura... Comecei a namorar cedo, deixei que meu namorado desse umas pinceladas, me moldei ao seu gosto no jeito de agir, de se vestir, os lugares que frequentava e até as musicas que eu ouvia.
Já falei das minhas dores de amor aqui. Basicamente fiz o blog para chorar as pitangas pelo amoroso pé na bunda que ganhei, com o perdão da expressão. E agora é a hora de falar sobre a epifania que o termino me proporcionou.
Eu me ferrei na faculdade por ter me dedicado mais ao meu namoro falido do que aos estudos. Passei duas semanas desesperadoras, com vontade de desistir. "Perdi o namorado, não tenho mais emprego e vou perder a faculdade, sou um peso morto." Foi aí que do nada eu parei pra pensar e decidi: vou apagar tudo o que me pintaram até agora. Percebi que de todas as linhas do meu quadro, nenhuma eu mesma havia pintado. Eu estava eternamente focada em ser boa para os outros, em ser quem os outros queriam que eu fosse.
Vamos apagar tudo!
No outro dia eu levantei em branco! Comecei pelo mais importante no momento: correr atras do que perdi chorando por outras pessoas. Estudei como uma condenada e consegui passar em todas as finais. Percebi aí que tenho que ser o tipo de pessoa que luta pelo seu futuro profissional e intelectual: primeira pincelada.
Depois decidi que queria parecer como alguém que EU (!!) gostaria de parecer e pintei meu cabelo de vermelho (coisa que meu ex com certeza não aprovaria): segunda pincelada.
Decidi que no processo de me repintar eu deveria apagar totalmente meus valores também. Minha criação foi ótima e meus pais fizeram questão de colorir em mim valores maravilhosos e eu peço desculpa a eles, que com certeza vão ler isso, mas faz parte da vida se reconstruir e quem sabe ir atras de cometer os próprios erros. Eu abandonei tudo que acreditava em relação a religião, machismo, feminismo, politica, comportamentos, tudo! E para minha surpresa eu virei a garota que vai pra balada de vestido dançar todas as sextas. E é isso que quero ser por enquanto, nas minhas férias. Aquela garota que eu sempre julguei: mais uma pincelada. E nessa de me tornar a garota que sempre julguei eu descobri a injustiça no fato de que eu posso ser a garota que vai para a balada toda sexta tomar tequila e não ser a garota que vai para a balada e pega 10: essa não sou eu. Mas descobri também, nessa reconstrução que as garotas que querem ser assim estão no seu direito! E lá se vão mais algumas pinceladas (agora totalmente minhas!)
Hoje eu acordei feliz, renovada! Eu acordei pensando que eu estou me tornando exatamente quem eu gostaria de ser, independente do que os outros pensem. Agora, ao invés de esse ser um blog sobre as minhas desilusões amorosas, vai ser um blog sobre as novas pinceladas que vou dar em minha nova tela. Simplesmente porque agora eu estou em um relacionamento sério comigo mesma e tenho certeza de que, dessa vez, não vou me abandonar.

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Vida en la Noche

by on segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Como todos sabem, ou pelo menos imaginam, pelo meu último post, eu estava detonada. Então nessa sexta-feira, depois da faculdade, resolvi ligar para a minha amiga e ir numa balada. Eu não sou o tipo de pessoa que vai para balada (Não sou o tipo de pessoa que gosta de pessoas). Prefiro ficar em casa ou ir para algum bar com poucos amigos conversar. Mas a balada era perfeita para o meu estado de espírito, eu pensei.
Chegando lá fui atrás do que eu queria: parar de pensar. Comprei uma cerveja e fui com a minha amiga pro meio da pista. A cerveja me deixou um pouco tonta, a música não me deixava ouvir, as luzes não me deixavam ver. Absolutamente todos os meus sentidos foram bagunçados. Por um tempo funcionou: eu não pensava mais. As vezes as luzes se acendiam, o que me permitia olhar em volta e enxergar todas aquelas pessoas exatamente iguais: as roupas, o estilo de dança, praticamente clones. Era nesses momentos, muito breves, que eu voltava a pensar. Me perguntava o que eu estava fazendo ali se eu não me encaixava com aquelas pessoas, o que me levava a pensar que a única pessoa com quem eu realmente queria me encaixar não estava ali e nunca estaria porque também não se encaixaria. Então eu fechei os olhos, com a garrafa na mão, e tentei não pensar de novo. Foram 4 horas lá e por vezes funcionou, por outras não. Garotos me passando cantadas ruins, isso quando não me assediavam sem se dar ao trabalho de tentar conversar atrapalharam bastante o processo de tentar me sentir livre ao invés de abandonada, fazendo eu me sentir incomodada.
A primeira vez a gente nunca esquece.

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Precisamos da chuva para lavar nossa má sorte

by on quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Quem aqui já morreu e continuou vivo? Quantas vezes?
Hoje voltei pra casa em baixo de chuva, no sentido literal e no poético. Enquanto andava na chuva nada me importava: não ligava pra passagem que subiu, pra Dilma que ganhou, pra economia mundial, pra prova que acabei de fazer, pra fome no mundo, pra falta de água em São Paulo. No momento eu não ligava pra nada, nada. Eu estava morta, fria, gelada. Eu só rezava pra chuva parar. A de dentro de mim, porque pra de fora eu nem ligava. Assim como não ligava pras poças que eu pisava, pra minha roupa molhada, pro meu cabelo que enrolou, pro meu nariz que começou a escorrer, pra febre que começou a me dar. Deixa chover. Como naquela música "Electrical Storm" do U2: We need the rain to wash away our bad luck. (Nós precisamos da chuva para lavar nossa má sorte).
Má sorte. Talvez seja isso. Não consigo fazer mentalmente uma sequência lógica dos eventos que me levaram a estar oca, morta por dentro, na chuva, sozinha e com as suas palavras ecoando na minha cabeça igual algum tipo de maldição. E então eu começo a comparar os eventos, as frases que me foram ditas exatamente pela mesma pessoa, a três meses atrás e no dia de hoje. "Eu te amo", "eu não te amo", "você é tudo o que eu preciso pra ser feliz", "eu não estou feliz, quero terminar". No dia que te abracei a primeira vez e era sua, totalmente sua, finalmente sua, eu não imaginava a chuva que viria.
É engraçado, eu estava celestialmente feliz quando finalmente ficamos juntos. Infinitamente feliz. Quem diria que em três meses você me mataria!
Mas a sorte é que, quando se trata de morte por amor somos todos como as fênix: morremos, dolorosamente, agonizando mas, no fim, renascendo das cinzas... pra morrer de novo (me desculpem, eu não consigo ser otimista por mais de 30 segundos). Por sinal, morremos várias e várias vezes. Talvez demore uma semana, um mês ou até mesmo anos mas sei que uma hora ou outra vou voltar a me importar com os problemas do mundo. No momento só consigo listar as coisas que perdi: seu sorriso, sua voz, o jeito que você mexia as mãos enquanto me explicava filosofia ou química quântica, seus livros e seus cacarecos, tão seus, espalhados pelo quarto, sua mania de organização... Agora parece que não me sobrou nada, mas amanhã ou depois eu sei que vou poder listar (e ainda vai faltar espaço) todas as coisas que me sobraram. Eu sei que foi bastante. E vou renascer. Essa é a beleza da coisa toda: a gente sempre renasce, é só ter paciência.

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Diário Publico

by on segunda-feira, 3 de novembro de 2014



É engraçado. Quando eu era criança eu tinha diários (que eu não escrevia necessariamente todos os dias, mas gostava de escrever sobre o menininho que eu "gostava" ou as coisas que eu sentia.) e os escondia porque não queria que ninguém lesse. Eu carregava sempre eles na mochila pra minha mãe não encontrar em casa e defendia eles com a vida caso alguém achasse na minha bolsa. Agora com 20 anos parei pra pensar que estou escrevendo um diário de novo (que continuo não escrevendo necessariamente todos os dias) pelo mesmo motivo que eu escrevia quando criança: quero desabafar, quero escrever o que sinto pra tirar de dentro de mim. E o engraçado de tudo isso é que desta vez eu estou mantendo esse diário publico, pra quem quiser ler, pra quem esbarrar com ele por aí. O que mudou, será? Eu sinto essa necessidade de ser ouvida, essa necessidade de por pra fora e mostrar pro mundo tudo aquilo que sou. Já não vejo mais sentido em escrever coisas que não serão lidas.
Esses tempos em uma aula de ética o professor perguntou o que é felicidade e eu respondi que para mim a felicidade era "segurança", era saber que tudo está certo e que tudo vai continuar dando certo. Essa me pareceu a resposta mais sensata e menos desonesta que eu poderia dar no momento, embora a minha resposta verdadeira fosse outra, completamente diferente. Se fosse pra responder com honestidade eu teria dito que, pra mim, o conceito de felicidade não existe. Nietzsche tem um texto que me agrada muito, chamado "Sobre Verdade e Mentira no Sentido Extra-moral" que nos faz pensar se as palavras realmente expressam a verdade (Entendedores de Nietzsche, por favor me corrijam se eu estiver falando bobagem). Existem vários tons diferentes de azul, mas todos tem o nome "azul". O que faz essas cores diferentes terem exatamente o mesmo nome? E isso me fez pensar que a felicidade é diferente pra cada um: o que faz você feliz me faz feliz também? E a sensação que você chama de felicidade é igual a que eu chamo? Será que SOMOS felizes ou somente ESTAMOS felizes? Somos felizes se o tempo que passamos felizes é maior que o que passamos tristes? Isso faz algum sentido? Por que todos esses sentimentos, tão diferentes, tem o mesmo nome? Eu não disse nada disso naquela aula de ética, simplesmente porque TODO MUNDO estava dando respostas tão mais simples como: ficar com a família e com os amigos ou fazer o que ama. Eu achava esse pensamento meu tão intimo que tinha medo de por pra fora e todos acharem que sou maluca, que tenho problemas. Mas será que está certo? Será que tenho que ter medo de falar as coisas que penso, mesmo que elas soem como a maior bobagem que alguém já disse na face da terra? Eu tenho certeza que mais alguém no mundo pensa exatamente igual a mim, então porque o medo de falar?
E esse é o maior desejo que vejo nas pessoas hoje em dia: elas querem ser ouvidas! Elas fazem blogs e vlogs e GRITAM! As vezes gritam bobagens, mas são as suas bobagens! E não só querem ser ouvidas como querem encontrar pessoas que pensem como elas, que compartilhem as suas bobagens.
Gosto da ideia de não estar mais sozinha. Gosto de ter um diário público. Quem sabe um dia alguém que pensa como eu não me encontra pra batermos um papo e compartilhar nossas bobagens?

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I look a little bit older, I look a little bit colder.

by on quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Meu aniversário foi no sábado e até agora não entendo porque não me sinto com 20 anos. Talvez achar que é mais velho e experiente do que realmente é seja um problema de todos os "jovens". Sempre pensamos que sabemos tudo, que já vivemos tudo.

Nos últimos três meses vivi tantas coisas, em uma intensidade tão grande, aprendi tanto e sofri tanto que sinto como se tivesse vivido três anos inteiros nesse período. Adquiri experiencia profissional em 6 meses que não havia adquirido em um ano no outro emprego, trabalhei demais; aprendi muitas coisas na faculdade e amadureci intelectualmente em muitos aspectos; sofri por amor tudo o que não sofri em toda a minha adolescência, já que passei ela protegida por um namoro com alguém que nunca me decepcionou (Infelizmente mudamos, fomos para caminhos diferentes. Certas coisas simplesmente acabam...). Não tem sido fácil, mas não desisto. Não desisto de aprender ainda mais, não desisto do amor, muito menos DESSE amor: amor por alguém unico que sei que não vou mais encontrar, alguém que me encanta até mesmo nos defeitos.
Eu me sinto velha.
Só que existe uma vantagem na velhice: a experiencia. Como eu disse, é um erro eu achar, AOS 20 ANOS DE IDADE (POR DEUS!) que estou velha e experiente e, acredito eu, esse é um erro comum entre as pessoas dessa faixa etária. Tento me lembrar, a todo o momento, que tenho muito pra viver, muito pra experimentar e muito (MUITO!) pra sofrer.

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Crise de identidade?

by on quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Será que todos nós passamos por uma fase da vida em que nada mais faz sentido? Aquela em que a gente para e se pergunta: porque tudo isso?
Comecei a listar as coisas que não fazem mais sentido pra mim:
Você se entrega pra alguém e da tudo de si, mas ele vai embora: tem seus próprios problemas para lidar e não quer se preocupar com os seus.
Você trabalha todos os dias 8 horas, ganha pouco e quando para pra pensar está dando um lucro estratosfericamente maior do que seu salário pra ser tratado que nem lixo (claro, sem generalizar, afinal, temos "chefes" e "líderes").
É triste você estar perdendo sua fé na sua religião e chegar num ponto em que você não tem medo de morrer pela interrupção da vida em si, mas pela insegurança de não saber o que vai encontrar do outro lado (ou SE vai encontrar alguma coisa por lá). Cheguei a conclusão de que se pudesse escolher algo para ser a verdade absoluta, simplesmente por conveniência, eu escolheria o espiritismo. Seria tão reconfortante saber que não acaba, que você continua vivo em um tipo de dimensão espiritual mais evoluída, dedicando seus dias ao estudo e a evolução (me perdoem se eu estiver falando alguma besteira, não entendo muito, embora me interesse bastante). Mas infelizmente não consigo escolher no que acreditar.
No fim você estuda pra ter um emprego, ganhar dinheiro e ai a vida acaba e você pensa: pra que tudo isso?
Sempre entendo porque vários filósofos morrem loucos e sozinhos: quanto mais você pensa nas coisas menos feliz você é.
E o pior de tudo é que nem tenho grandes problemas: existem pessoas sem casa, passando fome, sofrendo mais que eu por motivos menos fúteis. É nesse ponto que paro pra pensar que sou medíocre, que não duraria 5 minutos na batalha real. O que será que posso fazer para mudar isso? Talvez essa seja a grande questão da vida: como aguentar firme até o final.
Talvez seja porque não sai da adolescência ainda, talvez seja porque no sábado eu sairei. Talvez seja porque penso demais em coisas que não merecem tanta crise. Tenho mesmo essa mania de fazer tempestade em copo d'água quando estou vivendo os mesmos (e até menos importantes) problemas que os outros. Mas acho que só eu posso entender o quanto eu sofro com meus problemas. Quantas pessoas, que aparentemente tinham tudo, não eram felizes? Jogaram suas vidas aparentemente fora? Ninguém sabe o que se passa dentro de uma pessoa a não ser ela mesma.

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"Coloque a sua maquiagem e um sorriso no rosto. Levante a cabeça e seja forte. O mundo não precisa saber que você passou a noite chorando..." Será?

by on sábado, 18 de outubro de 2014

Estou passando pelo fim de semana mais difícil da minha "vida amorosa". Como eu lido com a dor? Chorando, postando frases tristes no Facebook, me arrastando pelos cantos. Se alguém pergunta pra mim: "tudo bem?" Eu respondo: "Não, e você?". Pra que mentir? Dizem que nossa obrigação quando estamos sofrendo é por uma maquiagem, um sorriso falso no rosto e dizer que tudo está bem e que você é poderosa demais pra sofrer por amor. E no fim eu poderia fazer isso tudo mas seria uma mentira deslavada. Talvez eu seja boa demais pra sofrer, mas eu estou sofrendo agora. Se eu disser que não quero ele de volta só porque essa talvez fosse a atitude de uma mulher poderosa seria a maior hipocrisia! Eu quero ele de volta! Será que isso faz de mim menos mulher ou só estou falando aquilo que muitas, talvez a maioria, escondem pra parecerem mais fortes?
Me incomoda nesse mundo o fato de que ninguém mais é verdadeiro e talvez nunca tenham sido. Nos ensinam que temos que esconder a dor para ninguém ver nossa fraqueza, mas todos sofrem, por mais forte que sejam; que se gostamos de alguém temos que fazer charme; que não podemos anunciar nossa felicidade para nos proteger da inveja das pessoas (essa é ótima!). A vida é curta, vamos todos morrer. Se não posso viver as minhas emoções em sua plenitude então qual o sentido? Não sei esconder o que sinto, não sei (NEM QUE EU QUISESSE!) segurar o choro — muito menos o riso — e eu sei que isso incomoda mas é da  minha natureza. Também não sei fingir que não gosto e nem que gosto e, se você já recebeu um "eu te amo" vindo de mim, pode ter certeza de que eu te amo mesmo já que tenho na minha consciência que nunca disse um "eu te amo falso". Por isso deixo meu conselho: se quer chorar chore, se quer rir ria, se quer amar ame e se não quer não ame! Tenho a opinião de que todos nós somos panelas de pressão: se guardamos muitos sentimentos mais cedo ou mais tarde explodimos e, vai por mim, a explosão é sempre pior.

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