Quem aqui já morreu e continuou vivo? Quantas vezes?
Hoje voltei pra casa em baixo de chuva, no sentido literal e no poético. Enquanto andava na chuva nada me importava: não ligava pra passagem que subiu, pra Dilma que ganhou, pra economia mundial, pra prova que acabei de fazer, pra fome no mundo, pra falta de água em São Paulo. No momento eu não ligava pra nada, nada. Eu estava morta, fria, gelada. Eu só rezava pra chuva parar. A de dentro de mim, porque pra de fora eu nem ligava. Assim como não ligava pras poças que eu pisava, pra minha roupa molhada, pro meu cabelo que enrolou, pro meu nariz que começou a escorrer, pra febre que começou a me dar. Deixa chover. Como naquela música "Electrical Storm" do U2: We need the rain to wash away our bad luck. (Nós precisamos da chuva para lavar nossa má sorte).
Má sorte. Talvez seja isso. Não consigo fazer mentalmente uma sequência lógica dos eventos que me levaram a estar oca, morta por dentro, na chuva, sozinha e com as suas palavras ecoando na minha cabeça igual algum tipo de maldição. E então eu começo a comparar os eventos, as frases que me foram ditas exatamente pela mesma pessoa, a três meses atrás e no dia de hoje. "Eu te amo", "eu não te amo", "você é tudo o que eu preciso pra ser feliz", "eu não estou feliz, quero terminar". No dia que te abracei a primeira vez e era sua, totalmente sua, finalmente sua, eu não imaginava a chuva que viria.
É engraçado, eu estava celestialmente feliz quando finalmente ficamos juntos. Infinitamente feliz. Quem diria que em três meses você me mataria!
Mas a sorte é que, quando se trata de morte por amor somos todos como as fênix: morremos, dolorosamente, agonizando mas, no fim, renascendo das cinzas... pra morrer de novo (me desculpem, eu não consigo ser otimista por mais de 30 segundos). Por sinal, morremos várias e várias vezes. Talvez demore uma semana, um mês ou até mesmo anos mas sei que uma hora ou outra vou voltar a me importar com os problemas do mundo. No momento só consigo listar as coisas que perdi: seu sorriso, sua voz, o jeito que você mexia as mãos enquanto me explicava filosofia ou química quântica, seus livros e seus cacarecos, tão seus, espalhados pelo quarto, sua mania de organização... Agora parece que não me sobrou nada, mas amanhã ou depois eu sei que vou poder listar (e ainda vai faltar espaço) todas as coisas que me sobraram. Eu sei que foi bastante. E vou renascer. Essa é a beleza da coisa toda: a gente sempre renasce, é só ter paciência.
Hoje voltei pra casa em baixo de chuva, no sentido literal e no poético. Enquanto andava na chuva nada me importava: não ligava pra passagem que subiu, pra Dilma que ganhou, pra economia mundial, pra prova que acabei de fazer, pra fome no mundo, pra falta de água em São Paulo. No momento eu não ligava pra nada, nada. Eu estava morta, fria, gelada. Eu só rezava pra chuva parar. A de dentro de mim, porque pra de fora eu nem ligava. Assim como não ligava pras poças que eu pisava, pra minha roupa molhada, pro meu cabelo que enrolou, pro meu nariz que começou a escorrer, pra febre que começou a me dar. Deixa chover. Como naquela música "Electrical Storm" do U2: We need the rain to wash away our bad luck. (Nós precisamos da chuva para lavar nossa má sorte).
Má sorte. Talvez seja isso. Não consigo fazer mentalmente uma sequência lógica dos eventos que me levaram a estar oca, morta por dentro, na chuva, sozinha e com as suas palavras ecoando na minha cabeça igual algum tipo de maldição. E então eu começo a comparar os eventos, as frases que me foram ditas exatamente pela mesma pessoa, a três meses atrás e no dia de hoje. "Eu te amo", "eu não te amo", "você é tudo o que eu preciso pra ser feliz", "eu não estou feliz, quero terminar". No dia que te abracei a primeira vez e era sua, totalmente sua, finalmente sua, eu não imaginava a chuva que viria.
É engraçado, eu estava celestialmente feliz quando finalmente ficamos juntos. Infinitamente feliz. Quem diria que em três meses você me mataria!
Mas a sorte é que, quando se trata de morte por amor somos todos como as fênix: morremos, dolorosamente, agonizando mas, no fim, renascendo das cinzas... pra morrer de novo (me desculpem, eu não consigo ser otimista por mais de 30 segundos). Por sinal, morremos várias e várias vezes. Talvez demore uma semana, um mês ou até mesmo anos mas sei que uma hora ou outra vou voltar a me importar com os problemas do mundo. No momento só consigo listar as coisas que perdi: seu sorriso, sua voz, o jeito que você mexia as mãos enquanto me explicava filosofia ou química quântica, seus livros e seus cacarecos, tão seus, espalhados pelo quarto, sua mania de organização... Agora parece que não me sobrou nada, mas amanhã ou depois eu sei que vou poder listar (e ainda vai faltar espaço) todas as coisas que me sobraram. Eu sei que foi bastante. E vou renascer. Essa é a beleza da coisa toda: a gente sempre renasce, é só ter paciência.
"somos todos como as fênix: morremos, dolorosamente, agonizando mas, no fim, renascendo das cinzas... pra morrer de novo (me desculpem, eu não consigo ser otimista por mais de 30 segundos)"
ResponderExcluir:/ → :s → :sssss → :D → :c
ResponderExcluirTudo passa... tudo deixa de ser presente para se tornar história. E a história de nossas vidas tem sempre elementos tristes e felizes, trágicos e cômicos, emocionais e frios. Não fosse assim, não seria vida. Seria apenas uma caricatura.
ResponderExcluirE a vida é uma dádiva. Ela é plena! Como disse Shakespeare, ela é cheia de som e fúria! Alegre-se por degustar a frustração e saborear a derrota. Alegre-se nos dias de perda e tristeza. Os revezes da vida são os grandes pedagogos durante a viagem. Importam tanto quanto os momentos de paz, gozo e vitória. Aprenda com esses professores. E eles lhe ensinarão.
Dentro de algum tempo, o momento vai virar história e você lembrará dela apenas como um eco. E verá que tudo é tão simples...
Não fique oca. Não seja oca, morta ou vazia por dentro. Há mais nesse momento para preenchê-la e fortalecê-la do que a chuva pode lhe mostrar.