Como todos sabem, ou pelo menos imaginam, pelo meu último post, eu estava detonada. Então nessa sexta-feira, depois da faculdade, resolvi ligar para a minha amiga e ir numa balada. Eu não sou o tipo de pessoa que vai para balada (Não sou o tipo de pessoa que gosta de pessoas). Prefiro ficar em casa ou ir para algum bar com poucos amigos conversar. Mas a balada era perfeita para o meu estado de espírito, eu pensei.
Chegando lá fui atrás do que eu queria: parar de pensar. Comprei uma cerveja e fui com a minha amiga pro meio da pista. A cerveja me deixou um pouco tonta, a música não me deixava ouvir, as luzes não me deixavam ver. Absolutamente todos os meus sentidos foram bagunçados. Por um tempo funcionou: eu não pensava mais. As vezes as luzes se acendiam, o que me permitia olhar em volta e enxergar todas aquelas pessoas exatamente iguais: as roupas, o estilo de dança, praticamente clones. Era nesses momentos, muito breves, que eu voltava a pensar. Me perguntava o que eu estava fazendo ali se eu não me encaixava com aquelas pessoas, o que me levava a pensar que a única pessoa com quem eu realmente queria me encaixar não estava ali e nunca estaria porque também não se encaixaria. Então eu fechei os olhos, com a garrafa na mão, e tentei não pensar de novo. Foram 4 horas lá e por vezes funcionou, por outras não. Garotos me passando cantadas ruins, isso quando não me assediavam sem se dar ao trabalho de tentar conversar atrapalharam bastante o processo de tentar me sentir livre ao invés de abandonada, fazendo eu me sentir incomodada.
A primeira vez a gente nunca esquece.
Archive for "novembro 2014"
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by Unknown on segunda-feira, 17 de novembro de 2014Precisamos da chuva para lavar nossa má sorte
by Unknown on quinta-feira, 13 de novembro de 2014
Quem aqui já morreu e continuou vivo? Quantas vezes?
Hoje voltei pra casa em baixo de chuva, no sentido literal e no poético. Enquanto andava na chuva nada me importava: não ligava pra passagem que subiu, pra Dilma que ganhou, pra economia mundial, pra prova que acabei de fazer, pra fome no mundo, pra falta de água em São Paulo. No momento eu não ligava pra nada, nada. Eu estava morta, fria, gelada. Eu só rezava pra chuva parar. A de dentro de mim, porque pra de fora eu nem ligava. Assim como não ligava pras poças que eu pisava, pra minha roupa molhada, pro meu cabelo que enrolou, pro meu nariz que começou a escorrer, pra febre que começou a me dar. Deixa chover. Como naquela música "Electrical Storm" do U2: We need the rain to wash away our bad luck. (Nós precisamos da chuva para lavar nossa má sorte).
Má sorte. Talvez seja isso. Não consigo fazer mentalmente uma sequência lógica dos eventos que me levaram a estar oca, morta por dentro, na chuva, sozinha e com as suas palavras ecoando na minha cabeça igual algum tipo de maldição. E então eu começo a comparar os eventos, as frases que me foram ditas exatamente pela mesma pessoa, a três meses atrás e no dia de hoje. "Eu te amo", "eu não te amo", "você é tudo o que eu preciso pra ser feliz", "eu não estou feliz, quero terminar". No dia que te abracei a primeira vez e era sua, totalmente sua, finalmente sua, eu não imaginava a chuva que viria.
É engraçado, eu estava celestialmente feliz quando finalmente ficamos juntos. Infinitamente feliz. Quem diria que em três meses você me mataria!
Mas a sorte é que, quando se trata de morte por amor somos todos como as fênix: morremos, dolorosamente, agonizando mas, no fim, renascendo das cinzas... pra morrer de novo (me desculpem, eu não consigo ser otimista por mais de 30 segundos). Por sinal, morremos várias e várias vezes. Talvez demore uma semana, um mês ou até mesmo anos mas sei que uma hora ou outra vou voltar a me importar com os problemas do mundo. No momento só consigo listar as coisas que perdi: seu sorriso, sua voz, o jeito que você mexia as mãos enquanto me explicava filosofia ou química quântica, seus livros e seus cacarecos, tão seus, espalhados pelo quarto, sua mania de organização... Agora parece que não me sobrou nada, mas amanhã ou depois eu sei que vou poder listar (e ainda vai faltar espaço) todas as coisas que me sobraram. Eu sei que foi bastante. E vou renascer. Essa é a beleza da coisa toda: a gente sempre renasce, é só ter paciência.
Hoje voltei pra casa em baixo de chuva, no sentido literal e no poético. Enquanto andava na chuva nada me importava: não ligava pra passagem que subiu, pra Dilma que ganhou, pra economia mundial, pra prova que acabei de fazer, pra fome no mundo, pra falta de água em São Paulo. No momento eu não ligava pra nada, nada. Eu estava morta, fria, gelada. Eu só rezava pra chuva parar. A de dentro de mim, porque pra de fora eu nem ligava. Assim como não ligava pras poças que eu pisava, pra minha roupa molhada, pro meu cabelo que enrolou, pro meu nariz que começou a escorrer, pra febre que começou a me dar. Deixa chover. Como naquela música "Electrical Storm" do U2: We need the rain to wash away our bad luck. (Nós precisamos da chuva para lavar nossa má sorte).
Má sorte. Talvez seja isso. Não consigo fazer mentalmente uma sequência lógica dos eventos que me levaram a estar oca, morta por dentro, na chuva, sozinha e com as suas palavras ecoando na minha cabeça igual algum tipo de maldição. E então eu começo a comparar os eventos, as frases que me foram ditas exatamente pela mesma pessoa, a três meses atrás e no dia de hoje. "Eu te amo", "eu não te amo", "você é tudo o que eu preciso pra ser feliz", "eu não estou feliz, quero terminar". No dia que te abracei a primeira vez e era sua, totalmente sua, finalmente sua, eu não imaginava a chuva que viria.
É engraçado, eu estava celestialmente feliz quando finalmente ficamos juntos. Infinitamente feliz. Quem diria que em três meses você me mataria!
Mas a sorte é que, quando se trata de morte por amor somos todos como as fênix: morremos, dolorosamente, agonizando mas, no fim, renascendo das cinzas... pra morrer de novo (me desculpem, eu não consigo ser otimista por mais de 30 segundos). Por sinal, morremos várias e várias vezes. Talvez demore uma semana, um mês ou até mesmo anos mas sei que uma hora ou outra vou voltar a me importar com os problemas do mundo. No momento só consigo listar as coisas que perdi: seu sorriso, sua voz, o jeito que você mexia as mãos enquanto me explicava filosofia ou química quântica, seus livros e seus cacarecos, tão seus, espalhados pelo quarto, sua mania de organização... Agora parece que não me sobrou nada, mas amanhã ou depois eu sei que vou poder listar (e ainda vai faltar espaço) todas as coisas que me sobraram. Eu sei que foi bastante. E vou renascer. Essa é a beleza da coisa toda: a gente sempre renasce, é só ter paciência.
Diário Publico
by Unknown on segunda-feira, 3 de novembro de 2014
É engraçado. Quando eu era criança eu tinha diários (que eu não escrevia necessariamente todos os dias, mas gostava de escrever sobre o menininho que eu "gostava" ou as coisas que eu sentia.) e os escondia porque não queria que ninguém lesse. Eu carregava sempre eles na mochila pra minha mãe não encontrar em casa e defendia eles com a vida caso alguém achasse na minha bolsa. Agora com 20 anos parei pra pensar que estou escrevendo um diário de novo (que continuo não escrevendo necessariamente todos os dias) pelo mesmo motivo que eu escrevia quando criança: quero desabafar, quero escrever o que sinto pra tirar de dentro de mim. E o engraçado de tudo isso é que desta vez eu estou mantendo esse diário publico, pra quem quiser ler, pra quem esbarrar com ele por aí. O que mudou, será? Eu sinto essa necessidade de ser ouvida, essa necessidade de por pra fora e mostrar pro mundo tudo aquilo que sou. Já não vejo mais sentido em escrever coisas que não serão lidas.
Esses tempos em uma aula de ética o professor perguntou o que é felicidade e eu respondi que para mim a felicidade era "segurança", era saber que tudo está certo e que tudo vai continuar dando certo. Essa me pareceu a resposta mais sensata e menos desonesta que eu poderia dar no momento, embora a minha resposta verdadeira fosse outra, completamente diferente. Se fosse pra responder com honestidade eu teria dito que, pra mim, o conceito de felicidade não existe. Nietzsche tem um texto que me agrada muito, chamado "Sobre Verdade e Mentira no Sentido Extra-moral" que nos faz pensar se as palavras realmente expressam a verdade (Entendedores de Nietzsche, por favor me corrijam se eu estiver falando bobagem). Existem vários tons diferentes de azul, mas todos tem o nome "azul". O que faz essas cores diferentes terem exatamente o mesmo nome? E isso me fez pensar que a felicidade é diferente pra cada um: o que faz você feliz me faz feliz também? E a sensação que você chama de felicidade é igual a que eu chamo? Será que SOMOS felizes ou somente ESTAMOS felizes? Somos felizes se o tempo que passamos felizes é maior que o que passamos tristes? Isso faz algum sentido? Por que todos esses sentimentos, tão diferentes, tem o mesmo nome? Eu não disse nada disso naquela aula de ética, simplesmente porque TODO MUNDO estava dando respostas tão mais simples como: ficar com a família e com os amigos ou fazer o que ama. Eu achava esse pensamento meu tão intimo que tinha medo de por pra fora e todos acharem que sou maluca, que tenho problemas. Mas será que está certo? Será que tenho que ter medo de falar as coisas que penso, mesmo que elas soem como a maior bobagem que alguém já disse na face da terra? Eu tenho certeza que mais alguém no mundo pensa exatamente igual a mim, então porque o medo de falar?
E esse é o maior desejo que vejo nas pessoas hoje em dia: elas querem ser ouvidas! Elas fazem blogs e vlogs e GRITAM! As vezes gritam bobagens, mas são as suas bobagens! E não só querem ser ouvidas como querem encontrar pessoas que pensem como elas, que compartilhem as suas bobagens.
Gosto da ideia de não estar mais sozinha. Gosto de ter um diário público. Quem sabe um dia alguém que pensa como eu não me encontra pra batermos um papo e compartilhar nossas bobagens?